sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Fernandes: Renovação imediata

Segundo informações trazidas pelo repórter Fabiano Linhares da rádio CBN, o meia Fernandes já teria recebido propostas de Sport Recife e Criciúma para a temporada de 2011. O maior ídolo da história do Figueirense já apresentou uma proposta de renovação para a diretoria. A idéia do jogador é fazer um contrato de três anos, pois pretende encerrar a carreira no clube que ama e pelo qual já atuou por 12 temporadas.
O amor que Fernandes sente pelo alvinegro é algo extremamente raro no futebol dos dias de hoje, onde os jogadores, quando muito, jogam por duas ou três temporadas em uma mesma equipe e logo se transferem para outros times, até mesmo para rivais.
Fernandes tem hoje 32 anos, possuindo total capacidade técnica e física de atuar pelo menos até seus 35 anos de idade. Além disso, as lesões – que marcaram a carreira do craque – não são mais uma constância desde que o meia passou por uma intervenção cirúrgica no início do ano.
Aliás, para essa situação, abre-se um parêntese. Fernandes passou praticamente um ano fora dos gramados. Nesse período, o mesmo fez com a diretoria um contrato de risco, ou seja, recebia apenas por jogos. Considerando as infindáveis frustradas tentativas de retorno, o jogador passou cinco meses do ano de 2009 sem receber qualquer salário.
Pior do que isso era a agonia em não desvendar a causa das dores que o incomodavam na coxa e virilha e ter de ouvir de algumas pessoas de dentro do próprio clube que talvez fosse melhor começar a pensar em largar o futebol. Todavia, aposentar-se aos 31 anos de idade estava fora de cogitação.
O atleta, utilizando-se de recursos próprios, procurou ajuda em São Paulo, por intermédio de Marco Aurélio Cunha, onde finalmente conseguiu diagnosticar a contento a lesão e fazer a cirurgia necessária, que o fez retornar cerca de um mês após a intervenção, pondo fim aos 11 desgastantes meses de idas e vindas ao Departamento Médico, bem como às dores com a qual convivia diariamente, mas que nunca o fizeram desistir de buscar a volta completa aos gramados, mesmo quando muitos já tinham desacreditado do jogador, aconselhando-o até mesmo a abandonar a carreira. Imaginem.
Assim, se lesões marcaram a carreira deste mestre da bola, a vontade de superá-las, vestir e honrar o manto sagrado com certeza é marca muito mais profunda e relevante, que deve ser, e que é idolatrada por toda nação alvinegra.
Como se não bastasse, houve ainda a redução salarial durante esse ano. Isso porque, ainda na gestão passada, Fernandes e Jeovânio foram chamados pela antiga diretoria para fazerem um acordo que consistia em ambos reduzirem um pouco o salário, sob a desculpa do menor montante de verbas recebidas durante o Catarinense. Os dois jogadores acataram, com o acordo de que voltariam a receber o salário normal com o início do Brasileiro. Porém, com a transição ocorrida e mesmo tendo procurado a nova diretoria para resolver a situação, os dois jogadores continuaram recebendo o salário de forma reduzida até os meses atuais. Uma vergonha.
Mesmo assim, não houve por parte do Fernandes qualquer manifestação de desagrado, pois o foco era colocar o time novamente na primeira divisão. E foi isso que fez. Lutou muito e contribuiu bastante com o grupo para que todos atingissem o objetivo. Jeovânio também merece toda a deferência e respeito da torcida, pois se portou de forma extremamente profissional. A perda de espaço na equipe foi consequência natural da evolução de Ygor e demais jogadores que tomaram a titularidade do setor.
Às vezes, é possível que não percebamos o tamanho da importância desse súdito da instituição Figueirense. Porém, imaginem-se daqui uns 30 anos contando aos seus filhos ou netos sobre a história do alvinegro. Certamente Fernandes estará presente em grande parte desses momentos, pois durante 12 anos – até o momento – ele ajudou a escrever esse “mundo de glórias, com obras de emérito valor”. Transformou-se ao longo desses anos no maior ídolo e maior artilheiro da história do clube e nós tivemos o privilégio de presenciar tudo isso.
A renovação tem de ocorrer não por uma questão de agradecimento ou qualquer coisa do gênero, e sim por razões técnicas. É um meia completo, tem uma noção do jogo fora do comum. Tem uma inteligência rara dentro de campo, posiciona-se muito bem, acerta a maior parte de seus passes, raramente perde uma bola dentro do campo de jogo. Enfim, tem inúmeras qualidades que ainda trarão muita felicidade para os torcedores alvinegros.
O Figueirense não tem nada a perder com a renovação de três anos com o Fernandes, muito pelo contrário, apenas tem a ganhar. É um jogador acima da média e com o diferencial de ser um apaixonado pelo clube, pela torcida e por tudo que envolve o Figueirense Futebol Clube.
Portanto, diretoria, defina logo a situação do meia em vez de deixar o jogador e a torcida nessa agonia, principalmente com as primeiras notícias de propostas pelo atleta surgindo.
Fernandes é patrimônio do clube. Renovem já.

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